Como evento, Woodstock foi “O Festival”, foi o que definiu o formato e a mística de todos os festivais que se seguiram, desde o Festival da Ilha de Wight de 1970, passando pelo brazuca Festival de Águas Claras (primeira edição: 1975) e seguindo com Rock In Rio, Lollapalooza, Monsters of Rock e todo outro festival posterior a 1969. Se existiu algum festival anterior a Woodstock, é como qualquer lâmina de barbear anterior à Gillette: pode ter sido pioneiro, mas não marcou a História.
Foi na década de 60 que o mundo conheceu o principal movimento da Contracultura, Os Hippies. Eles defendiam o amor livre e a não violência. Muito foi falado sobre a Era de Aquário naquela época, inclusive no pôster: Woodstock: “Uma Exposição Aquariana: 3 dias de Paz & Música”.
Será que Woodstock foi tão aquariano assim? Vamos olhar o mapa do dia do festival:

O mapa do evento possui predominância do elemento Terra, começando pelo Ascendente em Capricórnio e o seu regente Saturno em Touro, também signo de Terra. A Lua do dia estava em Virgem – mais Terra! – junto com Mercúrio, reforçando os temas desse signo que também são temas da década, como vimos acima (Urano-Plutão em 66).
O regente do mapa, Saturno, está em Touro e na Casa 4. Esse posicionamento mostra o conservadorismo, preservação das tradições e a necessidade de segurança material.
E aí começamos a ver coisas curiosas e interessantes de Woodstock: ápice do movimento hippie, saudava a Era de Aquário. Mas, veja bem: paz, amor e música, e uma boa dose de escapismo (quase sempre via drogas – sexo ajuda, também), são coisas predominantes de Peixes, e além disso, conforme a precessão dos equinócios, a Era de Aquário ainda vai levar uns 200 anos para começar, então na época de Woodstock, faltavam pelo menos 245 anos... e estar certo de uma coisa, quando é outra, ou seja, estar perdido no tempo e no espaço, bate mais com o arquétipo de Peixes do que com Aquário.
No mapa do evento Woodstock, também podemos usar um pouco da abordagem da Astrologia Eletiva (a escolha do melhor – ou menos ruim – momento para um evento, tarefa, etc.). Sob esse olhar, o Ascendente fala da cara (aparência do evento), a Lua fala da alma (anima, vida), o Sol informa sobre o espírito (essência) e o Meio do Céu mostra para onde caminha aquele evento que começou com a cara do Ascendente.
O Sol está em Leão: quer ser grandioso, chamar a atenção e ditar as normas. Considerando que este Festival foi o maior até então - esperava-se no máximo 200 mil pessoas, vieram de 450 mil a 650 mil -, atraiu a atenção do mundo todo, virou a referência dos festivais de música e entrou para a história como o festival que marcou uma era, está coerente com a informação astrológica.
A quadratura de Leão a Netuno no Meio do Céu faz sentido com o (escandaloso na época) consumo de drogas e achar que era uma celebração de Aquário, quando era mais pisciano que outra coisa.
Olhando a alma do festival, temos a Lua em Virgem. Se nos restringíssemos somente ao signo para interpretar o planeta, teríamos aqui uma expressão contida, um tanto fria e racional, exigente, crítica, detalhista, tímida e insegura, e dificilmente estabeleceríamos relação entre essa descrição e o que se viu em Woodstock.
Mas aí entra a beleza dos conhecimentos legados por séculos de estudos e do trabalho de estudiosos e praticantes, pois ao olharmos os aspectos que essa Lua recebe, a leitura se expande e se enriquece:
- a conjunção com Mercúrio fala da interação e comunicação com muitas pessoas, de forma rápida e inquieta, e da troca de informações;
- a conjunção com Urano reforça isso e acrescenta anseio (e ansiedade) por liberdade, mudanças e novidades – rompimentos, até –, ao mesmo tempo em que coloca o fator intelectual como (suposta) razão para validar as emoções reprimidas que querem sair de uma vez, como se o amanhã (Urano) e o ontem (Lua) fossem momentaneamente anulados e só o agora é que importasse;
- a conjunção com Plutão traz a sensação de querer controlar e mandar – a Lua em Virgem, autocontida/autorreprimida, quer dar as cartas – e também sinaliza o final de um ciclo que não se sustenta mais, e o início de um novo e desafiador período, que assusta, mas ao mesmo tempo faz redescobrir a força interior;
- o sêxtil de Netuno reforça a questão do sonho, da inspiração (e da piração) se refletindo na expressão artística ampliada.
E como foi a cara do festival? O Ascendente em Capricórnio indica algo sem graça, sem charme, e seu regente Saturno em Touro aponta para a importância de satisfazer os sentidos e sensações físicas. Como a maioria do público do festival foi de cabeludos e barbudos desgrenhados, recobertos por muita lama (sem trocadilho: lembrou-se da predominância do elemento Terra no mapa do evento?) ao longo dos três dias, mas que pouco ligavam para as condições precárias, desde que tivessem – como diz o ditado – sexo, drogas e rock’n’roll, faz sentido, lembrando que essa foi a cara (aparência) com que começou o festival, e não sua essência.
O Meio do Céu em Escorpião indica onde chegou o festival: intensidade, magnetismo, profundidade. Será que foi assim? Woodstock deveria ter terminado na noite do domingo, 17 de agosto, e desde a tarde tinha gente já indo embora – ficaram “só” 150 mil – e o clima mágico se dissipava. Só que as 25 mil pessoas que continuaram lá viram na manhã da segunda-feira, 18 de agosto, Jimi Hendrix subir ao palco e finalizar de fato o festival, tocando Star Spangled Banner, o hino americano, (assista! https://www.youtube.com/watch?v=sjzZh6-h9fM) de maneira visceral, como jamais tinha sido feito antes, misturando em sua guitarra distorção e protesto contra a guerra do momento (Vietnã), sem palavras, mas com uma intensidade e força que ajudaram a sacramentar Woodstock como um marco musical, cultural e social.
Vamos parar este post por aqui, porque falar de Woodstock, suas atrações musicais e as relações astrológicas é assunto para muitos posts, ou um livro.
Curta mais um pouco de Hendrix tocando Purple Haze em Woodstock (https://www.youtube.com/watch?v=m9Fia94-xGA)
Gratidão e até a próxima!
Ana K e Cao.
Ana K e Cao.