sábado, 21 de dezembro de 2013

Mapa natal de Ronnie James Dio

Exceto pelos fãs ardorosos, pouca gente leria este post se o título fosse “Mapa Natal de Ronald James Padavona”. Só que esse é o nome verdadeiro de Ronnie James Dio, um sujeito baixinho, mas com um vozeirão digno de óperas, que nasceu a 10 de julho de 1942 (horário desconhecido) em Portsmouth, New Hampshire, EUA.

Após passar por algumas bandas menos conhecidas, desde a época em que estava no ensino fundamental – começou cedo a batalhar na sua jornada pelo Rock’n’Roll – Ronnie James Dio ganhou destaque com a banda Elf, emplacou com Ritchie Blackmore a melhor fase do Rainbow, teve a nada fácil missão de substituir Ozzy Osbourne nos vocais do Black Sabbath e formou a banda que leva seu nome (Dio).

Creditado como quem passou a utilizar o gesto dos chifrinhos (indicador e mindinhos elevados, demais dedos dobrados, formando uma cabeça com chifres) como indicativo do Heavy Metal, Dio partiu deste plano de existência em 16 de maio de 2010, devido a um câncer de estômago. Deixou inúmeros sucessos, onde as letras evocando a luta entre o bem e o mal, as referências a ambientes medievais e mágicos e um estilo poético às vezes estranho e às vezes surpreendente, se juntavam ao som marcante de baixo-bateria-guitarra que consagrou o estilo Heavy Metal. Tudo isso estava sempre muito bem amarrado pela voz poderosa e presença magnética do Elfo, como algumas vezes era chamado.

Podemos ter uma ligeira ideia do seu trabalho ouvindo Rainbow In The Dark (http://www.youtube.com/watch?v=zQzNBTukO0w), que além do típico som produzido por Dio, tem um trecho que traz uma das melhores definições que já vi sobre a incompatibilidade e falta de entendimento: we’re a lie, you and / we’re words without a rhyme (somos uma mentira, você e eu / somos palavras sem rima).

Entre as várias biografias de Dio disponíveis na internet, vale a pena olhar a da Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Ronnie_James_Dio) e uma extensa, completa (e em português!) no site Delfos (http://www.delfos.jor.br/conteudos/index_interna.php?id=7759&id_secao=6&id_subsecao=26).

E agora vamos ver o mapa natal do pequeno grande Dio.



Dio tinha o Sol em Câncer, o que fala de tendência forte a ser provedor, cuidador e zelar pela sua família. As biografias de Dio pouco – ou nada – falam de escândalos, excessos e demais asneiras tão comuns entre os Rock Stars que viajam na maionese; mas falam dele ter adotado um filho com sua primeira esposa, e de ter ficado com a segunda até o fim de seus dias. Ou seja, parece mais um cara-família que um cara-balada. E esse Sol também indica ligação forte com o passado – e os temas medievais das letras e dos videoclipes de Dio são bem coisa de passado, mesmo.

Outra coisa que chama a atenção é que o Sol nesse mapa não faz aspecto a nenhum planeta: é um Sol feral, que pode oscilar entre a apatia – a negação ou falta de expressão de sua essência – e a excitação, a expressão exacerbada do seu ser; é desbotar ou queimar até a última lenha. E Dio fez o que Neil Young cantou em My, My, Hey, Hey: it’s better to burn out / than to fade away (é melhor queimar tudo / do que desbotar): o baixinho, com mais de cinquenta anos de carreira, foi incansável até pendurar compulsoriamente o microfone aos 67 anos. Ele era outro desses velhotes com fogo nos olhos, paixão no coração e com uma gana enorme de fazer o que gosta.

Câncer compõe com Capricórnio – seu signo polar complementar – o chamado Eixo da Estrutura, e estrutura ou base alguma se faz da noite para o dia; Dio conquistou o sucesso e a fama, de verdade, quando aceitou o convite de Ritchie Blackmore e foi para o Rainbow, em 1975, quando já tinha dezessete anos de carreira. O cara foi persistente, jamais deixando de lutar pelo que queria, e nunca se acomodou com o que tinha.

A Lua em Gêmeos fala de alguém inteligente, inquieto, mutável. Fazendo conjunção a Mercúrio, Vênus e Saturno, e recebendo sêxtil de Marte, o quadro é de energia, inquietação, ansiedade, disposição para trabalhar no que gosta, pensamento rápido e inquieto, muitas amizades e ao mesmo reserva – o que pode explicar a abundância de informações sobre sua carreira e a escassez sobre sua vida pessoal: Dio, o cantor/compositor/showman, escondia e ofuscava Dio, o ser humano comum com família e amigos.

Mercúrio em Gêmeos está em domicílio, o que só dá mais força para a inquietação, inteligência e variedade de que já falamos, principalmente por estar em conjunção com Júpiter, o planeta cuja função primordial é ampliar tudo que toca. Uma quadratura com Netuno pode fazer esse Mercúrio fantasiar muito, mas também ficar bastante criativo. Porém, a manifestação mais significativa dessa quadratura Mercúrio-Netuno (e esse Netuno está em Escorpião) talvez apareça nas constantes críticas que Dio fazia à Bíblia, ao Cristianismo e mesmo ao Budismo e outras religiões estabelecidas.

Vênus em Gêmeos dá esse tom de muitas amizades, mas poucas íntimas, e baseadas no conhecimento e no aspecto mental. Sêxtil com Marte dá energia e disposição para estabelecer e manter essas amizades, e a conjunção com Saturno coloca seriedade nessa receita. Mesmo tendo várias rusgas com o pessoal com quem trabalhou, houve reconciliação com boa parte deles ao longo dos anos, pois o baixinho, além do carisma, tinha muito profissionalismo em seu trabalho.

Saturno e Urano completam o stellium em Gêmeos. Stellium é quando três ou mais planetas estão muito próximos, e Dio tinha cinco planetas em Gêmeos, o que coloca um peso muito grande nesse signo, mesmo com o Sol estando em Câncer. Ora, Gêmeos está relacionado à inteligência, capacidade de se expressar e de se comunicar, inquietação, agilidade, versatilidade, e o que vemos disso na vida de Dio? Bom, o cara gostava de letras que contassem histórias, desde a época do Rainbow; tocou trompete e baixo antes de se dedicar “apenas” a cantar; passou pelas diversas fases do Rock desde a ingenuidade dos anos 50, até o megashowbiz global tecnológico informatizado conectado dos anos 2000... precisa falar mais?

Com Marte e Plutão em Leão, temos novamente indicadores de grande energia e de não se conformar em receber ordens, como foram os casos em que ele se demitiu do Rainbow e do Black Sabbath quando não aguentava mais os “chefes” Blackmore e Iommi.

Em resumo, o baixinho era invocado, incansável, e não desistia. Sorte nossa e de quem gosta do bom e velho – e por isso sempre atual – Rock’n’Roll.

Até a próxima!

by Cao

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