Quando Michael Philip Jagger nasceu na cidade-dormitório de Dartford, 25 km a sudeste de Londres, às duas e meia da madrugada de 26 de julho de 1943, filho (e neto) de um professor e de uma cabeleireira, numa típica família britânica de classe média, tinha tudo para dar sequência à tradição e ser mais um tradicional e anônimo inglês de classe média.
À primeira vista, seu mapa natal, sob o olhar da Astrologia (também) Tradicional, parece confirmar isso:
O nato é representado pelo regente do Ascendente (neste caso, Mercúrio) e pela Lua; Mercúrio está numa Casa cadente (fraca), em Leão, disposto pelo Sol também nessa Casa III cadente. A Lua está na também fraca (e péssima) Casa XII. Mercúrio têm a boa companhia do Sol em domicílio, de Júpiter, da Roda (ou Lote, ou Parte) da Fortuna e do Nodo Norte; a Lua está exaltada. Ou seja, Mercúrio e Lua têm qualidade para o sucesso, mas em Casas de pouca força. E ainda tem Saturno (o Grande Maléfico) na Casa mais forte, junto ao Ascendente. Como Michael Philip pode escapar da sina de ser apenas mais um rosto na multidão?
Os gregos, há uns vinte séculos, acharam a solução para esse tipo de situação: re-significar o mapa, usando a benéfica Parte da Fortuna como um novo Ascendente. Assim, Leão se torna o novo Ascendente, com o dispositor (Sol) angular e domiciliado na própria Casa I - a mais forte de todas - e na companhia do Grande Benéfico (Júpiter), do Terceiro Benéfico (Parte da Fortuna), do Nodo Norte e de Mercúrio, todos com novo gás; e a Lua, significadora (entre outras coisas) de popularidade, exaltada em Touro, passa a figurar na Casa X - a Casa dos objetivos de vida e da imagem perante a sociedade. Vênus, o Pequeno Benéfico, ganha assento na Casa II, do dinheiro e dos bens materiais.
E funciona? Para Michael Philip, sim: virou Mick, montou com o amigo de infância Keith uma das mais famosas e longevas bandas de Rock do mundo, viveu e sobreviveu ao estereótipo Sexo, Drogas e Rock'n'Roll, fez fama e fortuna e - como vários outros roqueiros da Terra da Rainha - virou "Sir".
Nesse mapa ressignificado também fica mais fácil entender a relação de mais de meio século de tapas e beijos com o outro pilar dos Rolling Stones, o guitarrista Keith Richards: enquanto Amigo, Richards é Mercúrio (regente da Casa XI, a Casa dos Amigos), que está na (forte) Casa I e conjunto ao Sol (regente do Ascendente); mas a 8°45' do Sol, está under the sun beams (sob os raios do Sol): não se enxergam direito e de vez em quando se estranham. E ainda tem Saturno, o Grande Maléfico, estacionado ali na (nova) Casa XI. Enquanto Parceiro da banda (e do negócio multimilionário que virou), Richards é esse mesmo Saturno, regente da Casa VII em Aquário. A Casa XI tem força média, é muito benéfica, mas tem o planeta das dificuldades lá dentro; bom exemplo de que "não se pode ganhar todas".
Pelo Ascendente convencional ou pelo ressignificado, Jagger é Leão: cabeludo (juba) que usa a voz (rugido) para se impor e que gosta de se exibir, aparecer à luz dos holofotes e ser conquistador. O Ascendente pela Roda da Fortuna, com a dita cuja junto a Júpiter, Sol e Nodo Norte, também ajuda a entender como o setentão Mick aguentou tanta esbórnia e continua elétrico e saracoteando no palco.
O dinheiro flui, e bastante: com a Casa II em Virgem, o regente (Mercúrio) está fortíssimo na Casa I, e ainda tem Vênus nessa Casa II; e com a Casa XI (o dinheiro que vem pelo seu trabalho) em Gêmeos, o regente também é Mercúrio. Dinheiro que vem através dos Outros (neste caso, os fãs): Casa VIII, em Peixes, cujo regente é Júpiter, o Grande Benéfico, conjunto à Parte da Fortuna na Casa I...
Prazer, sexo e diversão = Casa V, em Sagitário, regente o expansivo Júpiter fortão lá na Casa I com a boa tchurma toda. Filhos também é nesta Casa, e Jagger teve sete pimpolhos com quatro moçoilas diferentes.
Usando a dignidade de Triplicidade para olhar as fases da vida, Jagger viveu até cerca de 28 anos sob a influência do Sol, planeta masculino e que está em signo masculino, que está domiciliado e na Triplicidade e Termos de Júpiter: foi o período em que descobriu o gosto pela música e apostou nisso, montou a banda e ganhou visibilidade. Dos 28 aos 56 anos, Júpiter - também planeta masculino e que está em signo masculino - é o planeta mais influente, é o período de maior expansão: é quando Mick dispensa o empresário Allen Klein e assume ele mesmo o controle dos (cada vez mais rentáveis) negócios dos Rolling Stones, inicia sua carreira solo e atua em alguns filmes. E dos 56 até os 84 anos, quem manda é Saturno - outro planeta masculino e em signo masculino: Mick não é mais um jovial juvenil e tem que tomar cada vez mais cuidado quando pula e requebra no palco, mas não perde a pose.
Com mais de 50 anos de boa música, é difícil escolher só uma; ficamos com o hino It's Only Rock'n'Roll (But I Like It) - https://www.youtube.com/watch?v=JGaBlygm0UY - para encerrar este post.
Gratidão pela companhia e keep on rocking'n'rolling :)
Cao (Claudinèi Dìas)
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